Quem sou eu

Minha foto
Apaixonada pela poesia e pela beleza que há na vida.

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Feliz Ano Novo! Com muita esperança...

"Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a
que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no
limite da exaustão.
Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e
entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra
vez, com outro
número e outra vontade de acreditar que daqui pra
diante vai ser diferente"

Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Amor pra Recomeçar

Hoje expresso meu desejo de Feliz Natal e Feliz 2011 por meio do poeta Frejat.
Tudo de muito bom pra todos!!

Eu te desejo
Não parar tão cedo
Pois toda idade tem
Prazer e medo...

E com os que erram
Feio e bastante
Que você consiga
Ser tolerante...

Quando você ficar triste
Que seja por um dia
E não o ano inteiro
E que você descubra
Que rir é bom
Mas que rir de tudo
É desespero...

Desejo!
Que você tenha a quem amar
E quando estiver bem cansado
Ainda, exista amor
Prá recomeçar
Prá recomeçar...

Eu te desejo muitos amigos
Mas que em um
Você possa confiar
E que tenha até
Inimigos
Prá você não deixar
De duvidar...

Quando você ficar triste
Que seja por um dia
E não o ano inteiro
E que você descubra
Que rir é bom
Mas que rir de tudo
É desespero...

Desejo!
Que você tenha a quem amar
E quando estiver bem cansado
Ainda, exista amor
Prá recomeçar
Prá recomeçar...

Eu desejo!
Que você ganhe dinheiro
Pois é preciso
Viver também
E que você diga a ele
Pelo menos uma vez
Quem é mesmo
O dono de quem...

Desejo!
Que você tenha a quem amar
E quando estiver bem cansado
Ainda, exista amor
Prá recomeçar...


sábado, 25 de setembro de 2010

A mais bela poesia da vida
é a alegria de viver
um grande amor.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Agostinho Neto

António Agostinho Neto, nasceu em 17/9/1922 na região de Icolo e Bengo, próximo a Luanda. Médico, poeta e ativista pela independência de Angola.  
Vale a pena conhecer a obra poética desse homem que nunca desistiu de lutar pelo seu ideal.


Amanhecer

Há um sussuro morno
sobre a terra;
degladiam-se
luz e trevas
pela posse do Universo;
sente-se a existência
a penetrar-nos nas veias
vinda lá de fora
através da janela;

cresce a alegria na alma
a Vida murmura-nos doces fantasias.

Tangem sinos na madrugada
vai nascer o sol.





quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Bocage

Em 15/9/1765 nascia em Setúbal, Portugal, Manoel Maria Barbosa du Bocage, considerado um dos melhores poetas portugueses e, depois de Camões, o mais celebrado e conhecido.
Bocage foi poeta e tradutor. Sua obra é extensa, grandiosa e merece ser conhecida e reconhecida pela qualidade e valor histórico-cultural que possui.



Auto-retrato


Magro, de olhos azuis, carão moreno,
Bem servido de pés, meão na altura,
Triste de facha, o mesmo de figura,
Nariz alto no meio, e não pequeno;
Incapaz de assistir num só terreno,
Mais propenso ao furor do que à ternura;
Bebendo em níveas mãos, por taça escura,
De zelos infernais letal veneno;
Devoto incensador de mil deidades
(Digo, de moças mil) num só memento,
E somente no altar amando os frades,
Eis Bocage, em quem luz algum talento;
Saíram dele mesmo estas verdades,
Num dia em que se achou mais pachorrento.


                                                     Bocage

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

80 anos de José Ribamar Ferreira



Em homenagem aos 80 anos, completados hoje, de José Ribamar Ferreira, mais conhecido como Ferreira Gullar.

Um instante


Aqui me tenho
como não me conheço
         nem me quis


sem começo
nem fim

        aqui me tenho
        sem mim

nada lembro
nem sei

à luz presente
sou apenas um bicho
        transparente



sábado, 28 de agosto de 2010

Sob o signo da inquietação

o susto em nós foi avançar muito pra dentro
do proibido. Muito pra dentro de uma zona
perigosa. A boca da noite. O desconhecido.
Vagos caminhos de uma via nebulosa.

Vários conceitos pra falar da mesma coisa
o susto em nós foi descobrir porteiras
de territórios nunca antes percorridos
no fundo de todos nós um visitante
no fundo a falta de sentido.

Visitantes de nós mesmos cometeríamos
a imprudência de quase enlouquecer
pra chegar à compreensão.
E uma coisa afiada nos conduzia
através da trilha da poesia
e do difícil trajeto da paixão.

Bruna Lombardi
Livro O Perigo do Dragão

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Feira Itinerante de Livros do SENAC-SP

Algumas idéias de tão interessantes deveriam ser replicadas imediatamente. A Secretaria de Cultura da cidade de São Paulo promove, mensalmente, a Feira Itinerante de Livro em locais previamente agendados.

A idéia é da feira não é vender livros e sim promover a troca de exemplares em bom estado de conservação. O visitante leva um livro (não vale didático) ou gibi e troca por outro exposto.

 

"A ideia é intercalar uma feira em uma região mais desenvolvida com outra em uma área mais carente. Assim, conseguimos arrecadar obras mais relevantes e levá-las para onde o público mais precisa", explica Marta Nosé, coordenadora dos serviços de extensão da Coordenadoria do Sistema Municipal de Bibliotecas.

 

Este é o tipo de projeto deveria ser disseminado em todo o país, para incentivar a leitura, bem como a interação entre os leitores. Afinal, estórias de bons livros sempre rendem excelentes conversas.

 

Anotem aí a data das próximas feiras:

·         19/9 - parque do Carmo
av. Afonso de Sampaio e Souza, 951, Itaquera, zona leste

·         17/10 - parque Mário Covas
av. das Nações Unidas, 7.123, Pinheiros, zona oeste

·         28/11 - parque da Luz
pça. da Luz, s/nº, Bom Retiro, região central

·         12/12 - parque Ibirapuera
av. Pedro Álvares Cabral, s/nº, Moema, zona sul

 
 

 

Liana Timm

O AMOR É COMO UM GATO

o amor é como um gato
comedido
seduz ronronando
armadilha e bote
aconchego e mito

por isso desperto
e grito


--
Cris Tavares
http://casapoetica.blogspot.com/

terça-feira, 24 de agosto de 2010

"Vai noutro peito,
Mistérios não sabidos relatando,
Contar do infausto amor as provas duras,
Os martírios da ausência, as tristes lágrimas
Que chora – ao reiterar protestos novos!"
Gonçalves Dias
Obras Poéticas, II, p. 107

domingo, 22 de agosto de 2010

Cerrado seco no inverno

Nesta época do ano o Cerrado proporciona imagens deslumbrantes ao mesmo tempo que quase nos tira, literalmente, o fôlego. Vivemos variações de temperatura quase desumanas. Não é fácil começar o dia com 11º, chegar ao início da tarde beirando os 30º e novamente encarar o frio noturno na casa dos 10º. Sem contar a baixa humidade que cai a inacreditáveis 17%.
Mas, para compensar temos o pôr do sol, os ipês a colorir a cidade, dias de céu completamente azul sem uma nuvem sequer. Simplesmente maravilhoso. Temos ainda a oportunidade de ver as árvores se desfolharem completamente, a grama adquirir aos poucos tons de marrom, dando a sensação de que hibernam a espera da chuva que, provavelmente, só virá no final de setembro início de outubro. Até lá, quando a natureza explode em cores vívidas aos nossos olhos, temos que prestar atenção nos ipês floridos, no por do sol avermelhado, no azul realmente celeste do céu e compreender que em tudo há beleza.


Foto: Cris - Ago2010

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo

De amanhã (13/8) até 22/8 (das 10 as 22h, exceto no dia 22, quando o encerramento será as 20h) acontece a 21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo no Anhembi, com ingressos a R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia).
A programação cultural da Bienal é extensa e para todas as idades. Contudo, nesta edição os organizadores incrementaram a programação para jovens, visando cativar este público. Portanto, não faltarão eventos com temas vampirescos, celebridades da música e da tv.
A programação completa pode ser conferida no http://www.bienaldolivrosp.com.br/Programacao-Cultural/.
Abraços,

Cris Tavares

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Eternidade

Neste mês comemora-se o centenário de Adoniran Barbosa (6.8.1910 - 23.11.1982), um grande poeta/compositor. Em sua homenagem transcrevo a letra da música 'Eternidade', que não deixa de ser uma característica da obra deste mestre.

Eternidade


Se eu pudesse definir
Detalhar sem me iludir
O olhar que me seguia
Sutilmente me traía

Se eu pudesse até mentir
Esquecer, talvez fingir
Certamente eu mudaria
Hoje eu não sofreria

Foi o tempo que passou
Me usou, envelheci
Mesmo assim ainda me lembro
Do corpo que me tocou

Tão presente a sensação
Do amor que eu senti
Se era Agosto ou Setembro
Realmente eu não me lembro


Foi um sonho transparente
Tantas vezes re-sonhado,
Foi mentira ou verdade...
Hoje vive a eternidade


Adoniran Barbosa

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Prêmio SESC de Literatura

Estão abertas as inscrições para o Prêmio SESC de Literatura 2010. O prêmio é dividido em duas categorias 'Romance' e 'Contos' e só podem concorrer textos inéditos.
O Prêmio SESC é um dos mais respeitados do país e vale a pena participar.
Para conhecer o edital acesse http://www.sesc.com.br/premiosesc/.

Cris Tavares

domingo, 8 de agosto de 2010

Uma Noite

Já faz um tempo que não publico Kaváfis. Ele é um dos meus preferidos. Gosto da narrativa de seus versos sobre acontecimentos e do mistério dos seus amores como no poema "Uma Noite", a seguir.
Uma noite

Era o quarto vulgar e miserável,
escondido no andar de cima da taverna
suspeita. Da janela avistava-se o beco,
um beco imundo e estreito. Lá de baixo,
vinham as vozes de alguns operários
que jogavam às cartas, divertindo-se.

Ali, num leito reles, ordinário,
eu tive o corpo do amor, desfrutei-lhe dos lábios
rosados e sensuais toda a ebriez —
tal ebriez dos lábios róseos, que ainda agora,
ao escrever, tantos anos depois,
nesta casa vazia, eu de novo me embriago.

sábado, 7 de agosto de 2010

SEMICOISAS

Toda música antes de tudo é poesia. Tem um poeta/músico que eu gosto muito. Trata-se de Paulinho Moska. Ele lançou dois discos: Muito e Pouco. Tentei comprar os dois, mas "Muito" estava esgotado. Comprei "Pouco" e na primeira faixa já me encantei com 'Semicoisas'.

Nas semicoisas das coisas
Outras versões da verdade
Do outro lado do espelho
Outro dobro metade

Semicoisas

Partícula do universo
Clara tua sombra no escuro
Poesia é o in-verso
Saudade de um ex-futuro

Semicoisas

Momento eternidade
Nada que contém de um tudo
Uma multiplicidade
De origens do mundo

Moska


sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Menina de olhar ameno

Menina de ameno olhar

São as silvestres manhãs
Que recordam o ontem
Cujo nome é exclamação
E termina numa dureza que se amacia
Na gentileza da convivência

As velhas estradas, menina,
Que te levam a lugares onde nasce
A religiosidade das serenas noites
São querências gémeas,
Que desde te envolvem
Com a sua simplicidade...

O ar hospitaleiro das tuas mãos
O chamamento dos teus sinos
O sopro de uma mesma brisa
Com gosto de mar e cheiro de açúcar
Minha menina...

Mostras-me a poesia de um sábio
Cuja sabedoria é o amor
À terra traduzido em palavras
A de um artista do traço
Cuja mão leve colhe a seiva que broto, o
Horizonte que te mostro como se fossem flores, e
De explicações dão o toque seguro de luz
Da menina que há nos campos silvestres
E sorri em gargalhadas soltas que ecoam

Qual Van Gogh, com os seus girassóis
Qual Eugénio de Andrade, com a sua Balança
"No prato da balança um verso basta
para pesar no outro a minha vida."
Qual Renato Russo com "Disciplina é Liberdade,
Compaixão é Fortaleza, ter Bondade é ter Coragem!"
Qual Mozart, com a sua Sinfonia Concertante...

Seria milagre que eles te acompanhassem
No teu jardim de sedução...
Onde quero mergulhar na paisagem que me dás
Com olhos encantados
A voz em exclamação,
Amor exacto, a preservar-te Menina.
O teu jardim verde de folhagem
E os azuis da tua água, são
Relíquias minha Menina...

Deixa-me caminhar devagar,
Como quem te abraça e,
Parar de envelhecer no tempo à espera do amor...
Do teu amor de Menina...


Maria João Reis Deus

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Dalton Ghetti

Dalton Ghetti

Sempre achei que poesia não precisa estar necessariamente escrita com palavras em folha de papel. Poesia pode ser tudo, depende dos olhos do espectador da vida.
Hoje, me deparei com fotos de esculturas de um poeta que, coincidentemente, usa o lápis e as mãos para se expressar, mas não com versos escritos.
Trata-se de Dalton Ghetti, um carpinteiro brasileiro radicado em Connecticut, nos Estados Unidos. Dalton esculpe o grafite de lápis e começou ainda criança na escola e faz isso até hoje como hobby. Suas mini-esculturas são feitas sob luz bem forte, preferencialmente a do sol, e sem lente de aumento ou qualquer tecnologia, utilizando apenas lâminas de barbear e agulhas de costura. Para poupar a visão, só trabalha nas esculturas durante no máximo 1 hora e meia por dia.
Segundo Ghetti, ele admira as pequenas coisas da vida. “Tem todo um mundo microscópico por aí que as pessoas sequer notam", diz ele.
Suas obras hoje estão na exposição Meticulous Masterpieces: Contemporary Art by Dalton Ghetti, Les Lourigan e Jennifer Maestre, no New Britain Museum of American Art, em New Britain, Connecticut.
"As pessoas veem minhas esculturas e olham de novo, de mais perto, e dizem: 'ah, tem algo aí'. Vivemos em uma sociedade de alta velocidade e não temos tempo para parar e refletir - é tudo vai, vai, vai. Eu espero que essas obras façam as pessoas parar e se dar conta de que há beleza em coisas pequenas."
Sua obra mais famosa é Alphabet, de 2005, e levou dois anos e meio para ficar pronta. São 26 pontas de lápis esculpidas com as letras do alfabeto.
Para mim, Ghetti é um poeta e merece ser visto.




 

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

FLIP 2010

De hoje até o próximo dia 8 acontece a Festa Literária Internacional de Paraty - FLIP edição 2010. Este ano a festa homenageia o escritor Gilberto Freyre e a programação é intensa.
Para os que não podem se deslocar até Paraty, os debates estão sendo transmitidos ao vivo. Confira no link http://www.flip.org.br/flipaovivo.php.

Maiores informações no site da organização http://www.flip.org.br/.

Sucesso a todos os participantes!


Um rio de luzes

Um rio de escondidas luzes
atravessa a invenção da voz:
avança lentamente
mas de repente
irrompe fulminante
saindo-nos da boca


No espantoso momento
do agora da fala
é uma torrente enorme
um mar que se abre
na nossa garganta

Nesse rio
as palavras sobrevoam
as abruptas margens do sentido

Ana Hatherly
O Pavão Negro
Assírio & Alvim
2003



terça-feira, 3 de agosto de 2010

Amar

Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?

Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinh, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.

Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Anna Akhmátova


Juntas, hoje, nós vamos, Marina,
Moscou afora, pela noite adentro.
E como nós seguem-nos milhões,
no mais silencioso dos cortejos,
enquanto em volta tange o sino fúnebre
e geme intenso o turbilhão de neve,
de nossos passos recobrindo a marca.

Anna Akhmátova

Seletivas de Agosto - Câmara Brasileira de Jovens Escritores

Bom dia,
No próximo dia 10 começam as inscrições da Seletiva de Agosto para as antologias da Câmara Brasileira de Jovens Escritores.
Os interessados podem acessar o sítio eletrônico http://www.camarabrasileira.com/ para maiores informações.
Um grande abraço,

Cris Tavares

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Nada lhe posso dar

Nada lhe posso dar que já não exista em você mesmo.
Não posso abrir-lhe outro mundo de imagens, além daquele que há em sua própria alma.
Nada lhe posso dar a não ser a oportunidade, o impulso, a chave.
Eu o ajudarei a tornar visível o seu próprio mundo, e isso é tudo.

sexta-feira, 9 de julho de 2010


" O tempo é a sombra que se move separando o ontem do amanhã. Nele repousa a esperança".

Frank Lloyd Wright



terça-feira, 8 de junho de 2010

Esse teu olhar
Quando encontra o meu
Fala de umas coisas que eu não posso acreditar...
Doce é sonhar, é pensar que você,
Gosta de mim, como eu de você...
Mas a ilusão,
Quando se desfaz,
Dói no coração de quem sonhou,
Sonhou demais...
Ah, se eu pudesse entender,
O que dizem os seus olhos.

Tom Jobim

sábado, 5 de junho de 2010

tem os que passam
e tudo se passa
com passos já passados


tem os que partem
da pedra ao vidro
deixam tudo partido


e tem, ainda bem,
os que deixam
a vaga impressão
de ter ficado

Alice Ruiz

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Pode haver um dia
em que a poesia
mude de endereço
deixe apenas tédio


mas enquanto isso
vem brincar comigo
vamos até onde
possa ser só riso
possa ir tão longe
possa ser tão lindo
pode ser brinquedo
pode ser tão sério

Alice Ruiz

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Ah, e dizer que isto vai acabar, que por si mesmo não pode durar. Não, ela não está se referindo ao fogo, refere-se ao que sente. O que sente nunca dura, o que sente sempre acaba, e pode nunca mais voltar. Encarniça-se então sobre o momento, come-lhe o fogo, e o fogo doce arde, arde, flameja. Então, ela que sabe que tudo vai acabar, pega a mão livre do homem, e ao prendê-la nas suas, ela doce arde, arde, flameja.


Clarice Lispector

in "Onde estivestes de noite" - 7ª Ed. - Ed. Francisco Alves - Rio de Janeiro – 1994

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Te procuro
nas coisas boas


em nenhuma
encontro inteiro


em cada uma
te inauguro.

Alice Ruiz

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Conselho de um velho apaixonado

Conselho de um velho apaixonado


Quando encontrar alguém e esse alguém fizer
seu coração parar de funcionar por alguns segundos,
preste atenção: pode ser a pessoa
mais importante da sua vida.

Se os olhares se cruzarem e, neste momento,
houver o mesmo brilho intenso entre eles,
fique alerta: pode ser a pessoa que você está
esperando desde o dia em que nasceu.

Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo
for apaixonante, e os olhos se encherem
d'água neste momento, perceba:
existe algo mágico entre vocês.

Se o 1º e o último pensamento do seu dia
for essa pessoa, se a vontade de ficar
juntos chegar a apertar o coração, agradeça:
Algo do céu te mandou
um presente divino : O AMOR.

Se um dia tiverem que pedir perdão um
ao outro por algum motivo e, em troca,
receber um abraço, um sorriso, um afago nos cabelos
e os gestos valerem mais que mil palavras,
entregue-se: vocês foram feitos um pro outro.

Se por algum motivo você estiver triste,
se a vida te deu uma rasteira e a outra pessoa
sofrer o seu sofrimento, chorar as suas
lágrimas e enxugá-las com ternura, que
coisa maravilhosa: você poderá contar
com ela em qualquer momento de sua vida.

Se você conseguir, em pensamento, sentir
o cheiro da pessoa como
se ela estivesse ali do seu lado...

Se você achar a pessoa maravilhosamente linda,
mesmo ela estando de pijamas velhos,
chinelos de dedo e cabelos emaranhados...

Se você não consegue trabalhar direito o dia todo,
ansioso pelo encontro que está marcado para a noite...

Se você não consegue imaginar, de maneira
nenhuma, um futuro sem a pessoa ao seu lado...

Se você tiver a certeza que vai ver a outra
envelhecendo e, mesmo assim, tiver a convicção
que vai continuar sendo louco por ela...

Se você preferir fechar os olhos, antes de ver
a outra partindo: é o amor que chegou na sua vida.

Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes
na vida poucas amam ou encontram um amor verdadeiro.

Às vezes encontram e, por não prestarem atenção
nesses sinais, deixam o amor passar,
sem deixá-lo acontecer verdadeiramente.

É o livre-arbítrio. Por isso, preste atenção nos sinais.
Não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem
cego para a melhor coisa da vida: o AMOR !!!

Carlos Drummond de Andrade

sábado, 15 de maio de 2010

Pessoas que passam

Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha, é porque cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra!
Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha e não nos deixa só porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós.
Essa é a mais bela responsabilidade da vida e a prova de que as pessoas não se encontram por acaso.

Charles Chaplin

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Charles Chaplin

Pensamos demasiadamente
Sentimos muito pouco
Necessitamos mais de humildade
Que de máquinas.
Mais de bondade e ternura
Que de inteligência.
Sem isso,
A vida se tornará violenta e
Tudo se perderá.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

As sem-razões do amor

As sem-razões do amor



Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.


Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.


Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.


Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Recomeçar

Recomeçar


Não importa onde você parou …
em que momento da vida você cansou…
o que importa é que sempre é possível e necessário “Recomeçar”.
Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo…
é renovar as esperanças na vida e o mais importante…
acreditar em você de novo…
Sofreu muito nesse período? Foi aprendizado.
Chorou muito? Foi limpeza da alma.
Ficou com raiva das pessoas? Foi para perdoá-las um dia.
Tem tanta gente esperando apenas um sorriso seu para “chegar” perto de você.
Recomeçar…
hoje é um bom dia para começar novos desafios.
Onde você que chegar?
Ir alto… sonhe alto…
queira o melhor do melhor…
pensando assim trazemos pra nós aquilo que desejamos…
Se pensarmos pequeno coisas pequenas teremos ….
Já se desejarmos fortemente o melhor e principalmente lutarmos pelo melhor, o melhor vai se instalar em nossa vida.
“Porque sou do tamanho daquilo que vejo, e não do tamanho da minha altura.”

Carlos Drummond de Andrade

sábado, 8 de maio de 2010

Mãos dadas

Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.

Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Desejo a você...

Amizade é tudo de bom e Drumond sintetiza isso!!


Desejo a você…
Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor
Crônica de Rubem Braga
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Música de Tom com letra de Chico
Frango caipira em pensão do interior
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Noite de lua Cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho
Sarar de resfriado
Formar um par ideal
Tomar banho de cachoeira
Pegar um bronzeado legal
Aprender um nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Pôr-do-Sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Uma tarde amena
Tocar violão para alguém
Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco
Bolero de Ravel
E muito carinho meu.

Ternura

Ternura

Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor
seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentando
Pela graça indizível
dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura
dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer
que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas
nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras
dos véus da alma...
É um sossego, uma unção,
um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta,
muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite
encontrem sem fatalidade
o olhar estático da aurora.
Vinicius de Moraes

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Compreensão

Os anos de minha juventude, a vida de prazeres,
como lhes vejo agora o sentido, claramente.

Os remorsos, que inúteis, que supérfluos...

Mas eu não enxergava então o seu sentido.

Foi na devassidão dos anos juvenis
que os desígnios de minha poesia se formaram,
que se esboçaram os contornos de minha arte.

Bem por isso os remorsos não eram pertinazes
e a decisão de dominar-me, de mudar
durava, quando muito, uma semana.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

FUI

Não me deixei prender. Libertei-me de todo e fui
em busca de volúpias que em parte eram reais,
em parte haviam sido forjadas por meu cérebro;
fui em busca da noite iluminada.
E bebi então vinhos fortes, como
bebem os destemidos no prazer.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Candelabro

Quarto pequeno, vazio, quatro paredes somente,
com um tecido de cor verde recamadas;
a iluminá-lo todo, um candelabro refulgente;
ardendo em cada chama sua, se pressente
uma volúpia mórbida, um ímpeto lascivo.

O quarto minúsculo se abrasa no calor
do candelabro de luzes extremadas;
nada há de banal nessas luzes, nem se deve supor
que seja feito para corpos tímidos o ardor
desse prazer tão vivo.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

ENTRE O SER E AS COISAS

Onda e amor, onde amor, ando indagando
ao largo vento e à rocha imperativa,
e a tudo me arremeso, nesse quando
amanhece frescor de coisa viva.

As almas, não, as almas vão pairando,
e, esquecendo a lição que já se esquiva,
tornam amor humor, e vago e brando
o que é de natureza corrosiva.

N'água e na pedra amor deixa gravados
seus hieróglifos e mensagens, suas
verdades mais secretas e mais nuas.

E nem os elementos encantados
sabem do amor que os punge e que é, pungindo,
uma fogueira a arder no dia findo.

Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

À beira mar, na vazante

À BEIRA MAR, NA VAZANTE

de
Maria Zélia Gomes


Vi-te em sonhos
Distante …
À beira mar
Na vazante …
Na penumbra
De um olhar …
Tinhas um
Doce sorriso
A lembrar que
O preciso …
É não deixar
De … sonhar!


quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Espaços Vagos


Espaços vagos

Nos espaços vazios
ponho poesia.
Letras aladas, rimas distraídas
onde não há nada.
Dia chuvoso, tempo corrido
sustos, gritos.
No lugar desses
ponho melodia.
A alma não precisa estar atada ao chão
como uma casa que deseja outras
[ paisagens
mas está destinada à prisão.
Minhas lembranças desejam viajar
levitar pelo céu de devaneios
[ e maravilhas.
Que graça teria se a vida vivesse
[ apenas de realidade?
Por isso ponho poesia
nos espaços vagos da vida.
Cyelle Carmem Vasconcelos Pereira
João Pessoa/PB

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Na margem do Rio Piedra eu sentei e chorei

Sei o quanto de preconceito existe em torno dos livros de Paulo Coelho. Eu, pessoalmente, gosto do que ele escreve, sejam livros, contos ou músicas. Li a maioria de seus livros e sempre consigo encontrar trechos interessantes e algumas frases que podem ser levadas pela vida toda.
O livro "Na margem do Rio Piedra eu sentei e chorei" é um livro que trata do amor. Eis um trecho que gosto muito:
"O amor é sempre novo. Não importa que amemos uma, duaz, dez vezes na vida - sempre estamos diante de uma situação que não conhecemos. O amor pode nos levar ao inferno ou ao paraíso, mas sempre nos leva a algum lugar. É preciso aceitá-lo, porque ele é o alimento de nossa existência. Se nos recusamos, morreremos de fome vendo os galhos da árvore da vida carregados, sem coragem de estender a mão e colher os frutos. É preciso buscar o amor onde estiver, mesmo que isto signifique horas, dias, semanas de decepção e tristeza.
Porque, no momento em que partirmos em busca do amor, ele também parte ao nosso encontro.
E nos salva."

 Eis uma verdade incontestável: o amor nos salva!

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Grafito

neste lugar solitário
o homem toda manhã
tem o porte estatutário
de um pensador de rodin

neste lugar solitário
extravasa sem sursis
como num confessionário
o mais íntimo de si

neste lugar solitário
arúspice desentranha
o aflito vocabulário
de suas próprias entranhas

neste lugar solitário
faz a conta mais doída:
em lançamentos diários

a soma de sua vida.

José Paulo Paes

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Na Rua

Um rosto simpático, ligeiramente pálido;
olhos castanhos, como que pisados;
parecem quando muito vinte os seus vinte e cinco anos.
Tem um não sei quê de artista no modo de vestir-se
- talvez a cor da gravata, o feitio do colarinho;
sem rumo certo vagueia pela rua,
como se hipnotizado pelo prazer ilegal,
o prazer tão ilegal que ainda há pouco desfrutou.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Desde que amanheceu

Desde que amanheceu
com quantos hoje se alimentou este dia?
Luzes letais, movimentos de ouro,
centrífugos pirilampos
gotas de lua, pústulas, axioma,
superpostos todos os materiais
do transcurso: - dores, exitências,
direitos e deveres -
nada é igual quando desgasta o dia
sua claridade e cresce
e logo enfraquece seu poder.

Hora por hora
com uma colher
cai do céu o ácido
e assim é o hoje do dia,
o dia de hoje.

Pablo Neruda

domingo, 31 de janeiro de 2010

Poema dos olhos da amada

Ó minha amada
Que olhos os teus
São cais noturnos
Cheios de adeus
São docas mansas
Trilhando luzes
Que brilham longe
Longe dos breus...

Ó minha amada
Que olhos os teus
Quanto mistério
Nos olhos teus
Quantos saveiros
Quantos navios
Quantos naufrágios
Nos olhos teus...

Ó minha amada
Que olhos os teus
Se Deus houvera
Fizera-os Deus
Pois não os fizera
Quem não soubera
Que há muitas eras
Nos olhos teus.

Ah, minha amada
De olhos ateus
Cria a esperança
Nos olhos meus
De verem um dia
O olhar mendigo
Da poesia
Nos olhos teus.

Vinicius de Moraes

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Amar

Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: aqui... além...
mais este e aquele, o outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disse que se pode amar alguém
durante a vida inteira é porque mente.

Há uma primavera em cada vida:
é preciso cantá-la assim florida,
pois se Deus nos deu voz foi para cantar.

E se um dia hei de ser pó, cinza e nada
que seja a minha noite uma alvorada,
que me saiba perder... pra me encontrar...

Florbela Espanca

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Perdão se pelos meus olhos

Perdão se pelos meus olhos não chegou
mais claridade que a espuma marinha,
perdão porque meu espaço
se estende sem amparo
e não termina:
- monótono é meu canto,
minha palavra é um pássaro sombrio,
fauna de pedra e mar, o desconsolo
de uma planeta invernal, incorruptível.
Perdão por esta sucessão de água,
da rocha, a espuma, o delírio da maré
- assim é minha solidão -
saltos bruscos de sal contra os muros
de meu ser secreto, de tal maneira
que eu sou uma parte de inverno,
da mesma extensão que se repete
de sino em sino em tantas ondas
e de um silêncio como cabeleira,
silêncio de alga, canto submergido.

Pablo Neruda

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Eu queria trazer-te uns versos muito lindos

Eu queria trazer-te uns versos muito lindos
colhidos no mais íntimo de mim...
Suas palavras
seriam as mais simples do mundo,
porém não sei que luz as iluminaria
que terias de fechar teus olhos para as ouvir...
Sim! Uma luz que viria de dentro delas,
como essa que acende inesperadas cores
nas lanternas chinesas de papel.
Trago-te palavras, apenas... e que não estão escritas
do lado de fora do papel... Não sei, eu nunca soube
o que dizer-te
e este poema vai morrendo, ardente e puro, ao vento
da Poesia...
como
uma pobre lanterna que incendiou!


Maria Quintana

sábado, 23 de janeiro de 2010

Instante de Amor

Instante de Amor

Me ame apenas
no preciso instante
em que me amas.

Nem antes
nem depois.
O corpo é forte.

Me ame apenas
no imenso instante
em que te amo.
O antes é nada
e o depois é morte.

Affondo Romano de Sant'Anna