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Apaixonada pela poesia e pela beleza que há na vida.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Homenagem a Catalunya

No demano gran cosa:
poder parlar sense estrafer la veu,
caminar sense crosses,
fer l’amor sense haver de demanar permisos,
escriure en un paper sense pautes.
O bé, si sembla massa:
escriure sense haver d’estrafer la veu,
caminar sense pautes,
parlar sense haver de demanar permisos,
fer l’amor sense crosses.
O bé, si sembla massa:
fer l’amor sense haver d’estrafer la veu,
escriure sense crosses,
caminar sense haver de demanar permisos,
poder parlar sense pautes.
O bé, si sembla massa...



Não peço grande coisa:
poder falar sem disfarçar a voz,
caminhar sem muletas,
fazer amor sem ter de pedir licença,
escrever num papel sem pautas.
Ou então, se parecer demais:
escrever sem ter de disfarçar a voz,
caminhar sem pautas,
falar sem ter de pedir licença,
fazer amor sem muletas.
Ou então, se parecer demais:
fazer amor sem ter de disfarçar a voz,
escrever sem muletas,
caminhar sem ter de pedir licença,
poder falar sem pautas.
Ou então, se parecer demais...





Miquel Martí i Pol, nasceu em 19/3/1929 e faleceu em 11/11/2003. Foi e é um dos maiores expoentes da poesia catalã.
Iniciou sua carreira literária na década de 50. Seus versos foram musicados e interpretados por artistas renomados, o que contribuiu para que, ao final da década de 70, fosse o poeta mais popular e também o mais lido.
Martí i Pol fez de sua arte uma forma de descrever e denunciar os diversos aspectos da vida operaria com ternura, evitando o tom pnafletário.
A partir de 1970, devido a uma esclerose múltipla, que paulatinamente dificultou seus movimentos e sua fala, seus versos foram dominados pela solidão, pela angústia, pela morte. Mas, a partir de 1976, seus livros voltam a ser dominados por temas otimistas. Essa fase cheia de vitalidade o acompanha até o início da década de 90, quando o pessimismo e a decepção voltam a marcar seus textos.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Máscara

MÁSCARA










Passa o tempo da face
E o prazer de mostrá-la.
Vem o tempo do só,
A rua do desgosto,
O trilho interminável
Numa estrada sem casas.
O final do espetáculo,
A sala abandonada,
O palco desmantelado.

Do que foi uma face
Resta apenas a máscara,
O retrato, a verônica,
O fantasma do espelho,
O espantalho barbeado,
A face deslavada,
Mais sulcada, mais suja,
De beijada, cuspida,
Amarrotada
Como um jornal velho.
Máscara desbotada
De carnavais passados.
Esta é a nossa cara
Escaveirada.
Até que a terra
Com sua garra
Nos rasgue a máscara.

Dante Milano (1899-1991), poeta carioca avesso a publicidade. Tem apenas um único livro publicado (Poesias) em 1948 por amigos e a sua revelia.
Ivan Junqueira publicou uma antologia sobre o poeta em 1998.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Mulher ao Espelho

MULHER AO ESPELHO
Cecília Meireles


Hoje, que seja esta ou aquela,
pouco me importa.
Quero apenas parecer bela,
pois, seja qual for, estou morta.

Já fui loura, já fui morena,
já fui Margarida e Beatriz,
já fui Maria e Madalena.
Só não pude ser como quis.

Que mal fez essa cor fingida
do meu cabelo, e do meu rosto,
se é tudo tinta: o mundo, a vida,
o contentamento, o desgosto?

Por fora, serei como queira,
a moda, que vai me matando.
Que me levem pele e caveira
ao nada, não me importa quando.

Mas quem viu, tão dilacerados,
olhos, braços e sonhos seus,
e morreu pelos seus pecados,
falará com Deus.

Falará, coberta de luzes,
do alto penteado ao rubro artelho.
Porque uns expiram sobre cruzes,
outros, buscando-se no espelho.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Revista Granta


A Granta surgiu na Inglaterra em 1889, fundada por estudantes da Universidade de Cambridge. No final dos anos 70 ganhou a forma atual, livro/revista e está no número 107.

Para muitos Granta é a revista literária mais influente do mundo e, ao longo de sua existência, revelou nomes como, por exemplo, Hanif Kureishi (O álbum Negro e O Dom de Gabriel), Ian McEwan (O Jardim de Cimento e O Sonhador), Martin Amis (Campos de Londres e Trem Noturno) e Jonathan Franzen (A Zona de Conforto: Uma História Pessoal).


Em 2007 foi lançada Granta nº 1 em português. Hoje, está no nº 4 e o tema central é a ambição. Este número traz Annie Proulx, autora de O Segredo de Brokeback Mountain, Luis Fernando Veríssimo, Milton Hatoum, Elena Lapin, entre outros.

Aqui no Brasil a Granta é editada pela Objetiva (http://www.objetiva.com.br/objetiva/cs/) e pode ser encontrada na Livraria Cultura (http://www.livrariacultura.com.br/).




terça-feira, 18 de agosto de 2009

Bienal II

A Bienal do Livro do Rio 2009 está chegando e alguns nomes já estão confirmados:


- Joseph O´Neil, autor de "Terras Baixas";

- Bernard Cornwell, autor de "O Rei do Inverno", "O Condenado", entre outros;

- Eli Gottlieb, editor da Revista Elle;

- Dean Karnazes, ultra maratonista, autor de "50 maratonas em 50 dias";

- Meg Cabot, autora de "O Diário da Princesa" e "Formaturas Infernais".


No Café Literário será celebrado os 100 anos de morte de Euclides da Cunha, autor de "Os Sertões".


Visitem o sítio eletrônico da Bienal: www.bienaldolivro.com.br para ver a programação completa.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

A Graça

Déborah de Paula Souza, paulistana, jornalista. A marca da sua poesia é leveza e o lirismo com que dispõe o cotidiano. Tem dois livros publicados, 'Moça Mousse Musselina' e 'O Livro Vermelho'.

A GRAÇA

Diante da poesia de tudo
é que eu enfim me ajoelho
e aperto os olhospra focar seu lume

Estas palavras nunca foram minhas
— a poesia é dona de si mesma —
e distribui suas senhas faiscantes

Estou a seus pés
e a mãe do mundo me abençoa
ela tem suas vaidades, brinca comigo
me afaga e me atordoa

Vive em seu altar
em luxo de montanhas e placentas
repleta de diamantes

São dela todas as coisas
as palavras, as nascentes, as faíscas
este instante

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Silêncio

O Silêncio
Mario Quintana


O mundo, às vezes, fica-me tão insignificativo
Como um filme que houvesse perdido de repente o som.
Vejo homens, mulheres: peixes abrindo e fechando a
[boca num aquário
Ou multidões: macacos pula-pulando nas arquibancadas
[dos estádios...
Mas o mais triste é essa tristeza toda colorida dos
[carnavais
Como a maquilagem das velhas prostitutas fazendo
[trottoir.













Às vezes eu penso que já fui um dia rei, imóvel no
[seu palanque,
Obrigado a ficar olhando
Intermináveis desfiles, torneios, procissões, tudo isso...
Oh! Decididamente o meu reino não é deste mundo!
Nem do outro...

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Em homenagem a Pirenópolis

Estive em Pirenópolis para um final de semana de descanso e paz. Fui com Déia e minha mãe. Foi uma delícia.
Para celebrar, resolvi conhecer um pouco da produção poética da cidade e descobri Ridamar Batista, que nas palavras dela mesma é poetisa, mãe e mulher e é feliz por isso.

Herança

O grito da senzala
ecoa dentro de mim
no choro agudo das chibata
se as formas arredondadas
no balanço das cadeira
fazem minhalma serenar
e as saudades se amenizam.
O pranto se esvanece
a dor das injustiças desaperece
e dá lugar à certeza do sonho
perseguido e conquistado.
A senzala dá lugar ao lar
e o sabor do alimento
inventado na escassez de tudo
volta com cheiro de vitória.
Assim é meu povo forte
delicado e carinhoso
como o balanço harmonioso
das cadeirasdas mulheres guerreiras
no cotidiano de esvaziar as tulhas
lavar os panos, assear as casas.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Seletiva Câmara Brasileira de Jovens Escritores

Estão abertas as inscrições para a seletiva de agosto da Câmara Brasileira de Jovens Escritores – CBJE. O período de inscrição é de 1 a 25/8, somente pelo sítio eletrônico da CBJE (http://www.camarabrasileira.com/).

A CBJE tem como principal objetivo "... incentivar a produção literária de jovens autores publicando em livro suas poesias, contos, crônicas, romances ou qualquer outra forma de expressão literária...".

Devo ressaltar que a expressão “jovens” não tem nada a ver com idade cronológica, mas sim com o espírito vívido que habita cada um de nós.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Ofício: escritor/poeta




Dylan Thomas, nasceu em Swansea, no País de Gales, e em sua curta vida deixou poemas que o tornaram um dos mais renomados e influentes poetas de língua inglesa.



EM MEU OFÍCIO OU ARTE TACITURNA


Em meu ofício ou arte taciturna
Exercido na noite silenciosa
Quando somente a lua se enfurece
E os amantes jazem no leito
Com todas as suas mágoas nos braços,
Trabalho junto à luz que canta
Não por glória ou pão
Nem por pompa ou tráfico de encantos
Nos palcos de marfim
Mas pelo mínimo salário
De seu mais secreto coração.

Escrevo estas páginas de espuma
Não para o homem orgulhoso
Que se afasta da lua enfurecida
Nem para os mortos de alta estirpe
Com seus salmos e rouxinóis,
Mas para os amantes, seus braços
Que enlaçam as dores dos séculos,
Que não me pagam nem me elogiam
E ignoram meu ofício ou minha arte.


Traduzido por Ivan Junqueira

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Agosto

Em homenagem ao mês de agosto, um poema de Neruda...

"Acontece

Bateram à minha porta em 6 de agosto,
aí não havia ninguém
e ninguém entrou, sentou-se numa cadeira
e transcorreu comigo, ninguém.

Nunca me esquecerei daquela ausência
que entrava como Pedro por sua causa
e me satisfazia com o não ser,
com um vazio aberto a tudo.

Ninguém me interrogou sem dizer nada
e contestei sem ver e sem falar.

Que entrevista espaçosa e especial!"

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Bienal

Gente, vem aí a Bienal do Livro do Rio de Janeiro. Será no período de 10 a 20/9/2009, no Riocentro. O país homenageado desta edição são os Estados Unidos da América.
Até o início da Bienal irei colocando mais informações aqui no blog.

domingo, 2 de agosto de 2009

Affonso Romano de Sant'Anna

Affonso Romano de Sant'Anna é um escritor atual. Escreve crônicas , prosas e versos. Suas poesias são do tempo presente e retratam o cotidiano. Sobre as poesias de Sant'Anna, Wilson Martins escreveu: "A de Affonso Romano de Sant'Anna é grande poesia por ser literatura, por ser uma criação intelectual (não cerebral)..."

Silêncio Amoroso I

Deixa que eu te ame em silêncio.
Não pergunte, não se explique, deixe
Que nossas línguas se toquem, e as bocas
e a pele
falem seus líquidos desejos.

Deixa que eu te ame sem palavras
a não ser aquelas que na lembrança ficarão
pulsando para sempre
como se amor e vida
fossem um discurso
de impronunciáveis emoções.

sábado, 1 de agosto de 2009

Cesário de Sousa

Numa noite de 1995, estava com colegas de trabalho no Libanus. Provavelmente era uma sexta-feira, nem quente nem fria, típica do mês de agosto.
Passavam ambulantes, não os coreanos de hoje com suas quinquilharias eletrônicas. Naquele tempo, vendia-se incenso, bijus, livros. Um desses andarilhos noturnos de bar em bar, era o Cesário com seus livros de poesia, publicados por ele mesmo.
Apaixonada que sou pelos versos, comprei um exemplar do livro Utopia Cor Ação.
As poesias de Cesário têm a simplicidade do homem comum que encontrou na caneta e no papel a melhor forma de externar seus sentimentos todos.

Um Fim

Devem voar
os corações de pássaro
amarras não mais amarrar

Quando a gota d'água
rompe os diques da ilusão
da flor do amor perfeito
amor ferido sonho desfeito

Não devíamos chorar
doer vem de longe nos tempos
o querer continua seu caminhar

Há que compreender
- viver de intenso amar imenso -
o coração de pássaro.