VOLÚPIA
Clau Monteiro
Tenho fome do teu corpo
Tenho sede dos teus beijos
E se a noite cai prematura
Assim caminho, sentindo teu cheiro
Vem a aurora, ouço tua voz em silêncio
Os teus gemidos, sussurros, no meu leito
A tua boca passeia pelo meu corpo
O leve toque arrepiando
meus pelos
Tenho teus olhos
e não os vejo
Tenho tua boca
e me perco
Tenho você em segredo
Tuas mãos emolduram
as minhas
Tua flor desabrocha, me acolhe
Minha boca te engole
Busco o líquido,
e ele escorre
Da tua essência que excita
Trás o sorriso que encanta,
vibra
Abriga ecos, de uma história revista
Chegando a primavera,
assim tão mais florida.
in Versejando - 2005/2006
sábado, 26 de maio de 2012
quarta-feira, 23 de maio de 2012
JARDIM INTERIOR
Mario Quintana
Todos os jardins deviam ser fechados,
com altos muros de um cinza muito pálido,
onde uma fonte
pudesse cantar
sozinha
entre o vermelho dos cravos.
O que mata um jardim não é mesmo
alguma ausência
nem o abandono...
O que mata um jardim é esse olhar vazio
de quem por eles passa indiferente.
Mario Quintana
Todos os jardins deviam ser fechados,
com altos muros de um cinza muito pálido,
onde uma fonte
pudesse cantar
sozinha
entre o vermelho dos cravos.
O que mata um jardim não é mesmo
alguma ausência
nem o abandono...
O que mata um jardim é esse olhar vazio
de quem por eles passa indiferente.
segunda-feira, 21 de maio de 2012
domingo, 20 de maio de 2012
FANTASMAS
Dário Gadêlha
quatro paredes
me bastam
para sentir-me
no mundo
tenho
fantasmas bastantes
a se ocuparem comigo
por vezes
brigamos de graça
se não há motivo novo
ou mesmo só por mania
ciúme
alegria
ou por gosto
assim
aceitamos a vida
vivemos até muito bem
e se acaso nada acontece
brigamos a briga que vem
sexta-feira, 18 de maio de 2012
ESPEREMOS
Pablo Neruda
Há outros dias que não têm chegado ainda,
que estão fazendo-se
como o pão ou as cadeiras ou o produto
das farmácias ou das oficinas
- há fábricas de dias que virão -
existem artesãos da alma
que levantam e pesam e preparam
certos dias amargos ou preciosos
que de repente chegam à porta
para premiar-nos com uma laranja
ou assassinar-nos de imediato.
Pablo Neruda
Há outros dias que não têm chegado ainda,
que estão fazendo-se
como o pão ou as cadeiras ou o produto
das farmácias ou das oficinas
- há fábricas de dias que virão -
existem artesãos da alma
que levantam e pesam e preparam
certos dias amargos ou preciosos
que de repente chegam à porta
para premiar-nos com uma laranja
ou assassinar-nos de imediato.
quarta-feira, 16 de maio de 2012
segunda-feira, 14 de maio de 2012
UNIDADE
Raul de Leoni
Deitando os olhos sobre a perspectiva
das coisas, surpreendo em cada qual
uma simples imagem fugitiva
da infinita harmonia universal.
Uma revelação vaga e parcial
de tudo existe em cada coisa viva:
na corrente do bem ou na do mal
tudo tem uma vida evocativa.
Nada é inútil; dos homens aos insetos
vão-se estendendo todos os aspetos
que a idéia da existência pode ter;
e o que deslumbra o olhar é perceber
em todos esses seres incompletos
a completa noção de um mesmo ser...
Raul de Leoni
Deitando os olhos sobre a perspectiva
das coisas, surpreendo em cada qual
uma simples imagem fugitiva
da infinita harmonia universal.
Uma revelação vaga e parcial
de tudo existe em cada coisa viva:
na corrente do bem ou na do mal
tudo tem uma vida evocativa.
Nada é inútil; dos homens aos insetos
vão-se estendendo todos os aspetos
que a idéia da existência pode ter;
e o que deslumbra o olhar é perceber
em todos esses seres incompletos
a completa noção de um mesmo ser...
sábado, 5 de maio de 2012
SONETO DO AMOR TOTAL
Vinicius de Moraes
Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
Vinicius de Moraes
Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
Assinar:
Postagens (Atom)