Quem sou eu

Minha foto
Apaixonada pela poesia e pela beleza que há na vida.

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Fim de Ano

São os meses
São os dias
as horas todas as vezes

Quantas depois
se iniciam
retornando ao seu alpendre

São os anseios
São os sonhos
a esperança e o devaneio

Quando o ano
no seu fim
torna ao começo em seu veio

De Maria Teresa Horta, poetisa portuguesa, nascida em Lisboa.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Alves Bento Belisário

Vi no voos dos pássaros
O entardecer escapar-se por entre
Os traços verdes do arvoredo.
Sob os olhos do anoitecer uma alma
Amparada no florir de um beijo
Em instantes de sol e doçura;
Um coração a sangrar por nada ter
Para dar e tudo perder e um homem
Que toda a sua riqueza consigo transporta.

E vi sombras de fogo num peito,
Uma alegria descontente em horas
Que são minutos quando dois corpos
Em seu leito se enamoram; e vi bolsos
De mar e de luz no desassossego
E em tudo vi a criança eterna...
Vi-me a mim.

De Alves Bento Belisário (Inquietudes, 2005)

sábado, 26 de dezembro de 2009

Renata Pereira Correia

Nas asas do meu pensamento,
Levito,
Procuro no ser espelhado de cada um,
O que me transforma e me alimenta,
Voo na direcção do que me complementa,
Conheço o desconhecido que me atrai,
Suspiro por um qualquer momento que divago,
Aspiro sentimento em tudo o que encontro.

Ave rara essa que voa sem rumo,
Rumo talvez encontrado,
Num qualquer momento que me apazigua,

Ave que pinta,
Que paira nas nuvens que encontra,
Que se delicia no vazio que preenche.

Indomável ser,
Que sou,
Que encontro no sonho,
A razão da existência,
E que na porta entreaberta,
Procuro um qualquer ser humano,
Rico no pensar,
Rico no sentir,
Rico em tudo o que abriga.

Por Renata Pereira Correia

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Mistério





Mistério

Florbela Espanca

Gosto de ti, ó chuva, nos beirados,
Dizendo coisas que ninguém entende!
Da tua cantilena se desprende
Um sonho de magia e de pecados.

Dos teus pálidos dedos delicados
Uma alada canção palpita e ascende,
Frases que a nossa boca não aprende,
Murmúrios por caminhos desolados.

Pelo meu rosto branco, sempre frio,
Fazes passar o lúgubre arrepio
Das sensações estranhas, dolorosas…

Talvez um dia entenda o teu mistério…
Quando, inerte, na paz do cemitério,
O meu corpo matar a fome às rosas!

sábado, 12 de dezembro de 2009

Um pouco de Pessoa


O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia; tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...

Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...


Alberto Caeiro (um dos heteronômios de Fernando Pessoa), em "O Guardador de Rebanhos", 8-3-1914.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Rua da Poesia


Rua da Poesia

Moro na rua da poesia
Na rua das palavras mais belas
Na escrita, minha doce melodia
Onde os versos ornamentam as janelas

Irradia de luz a minha rua
Quando à noite me sento junto a ela
Acompanhada pelas rimas e pela lua
Traço palavras, como quem pinta sobre a tela

Deixo o meu traço bem marcado
Para quem a minha rua visitar
Cada janela terá o meu fado
Para quem me possam sempre cantar

Moro na rua da poesia
Na rua onde se pode renascer
Na escrita, minha doce melodia
Desta herança que nunca há-de morrer.

Paula Martins é poetisa portuguesa.
Para conhecer sua obra visite: http://www.paula-reflexoes.blogspot.com

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Poesia Portuguesa

Dezembro é o meu mês. Nasci no dia 26 no Rio de Janeiro. Sou descendente de portugueses e espanhóis e este mês quero prestar uma homenagem à poesia portuguesa.

Vou postar poemas dos poetas e poetisas de Portugal, sejam conhecidos ou não do grande público.
Espero que gostem e apreciem!
Feliz Dezembro!!!!

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Homenagem a Dezembro

Não sabia que havia papoilas em Dezembro!

Acordei cinzenta como o dia num mesclado de vazios e
saudade.
Liguei o piloto automático algures dentro de mim e por
momentos, fiquei, fui e fiz nenhures.
Já me conheço o suficiente para saber o que significa
acordar assim incolor, sem sabor e sem sentido… Por
achar que não devo nada à telha, permiti-me a um
rasgo de lucidez e resolvi ir caminhar.
Abençoado momento.
Pudessem as palavras traduzir fidedignamente o
quanto nos dá o Amanhecer…
Pudesse o orvalho traduzir-se na mais bela Melodia,
Os aromas da manhã em Poesia
E a quietude na Tua companhia…
Porque o verde dos caminhos invade sem invadir
O Outono continua a dormir
As flores teimam em colorir
E a Natureza dá-se por inteiro a descobrir…
E hoje, no dia primeiro do mês último,
Descobri no meio do tanto verde imposto, uma Papoila!
- Não sabia que havia Papoilas em Dezembro! -
Mas ei-la tão frágil quanto firme, tão singela quanto
bela
Num vermelho escarlate que me invadiu de esperança,
Amor
E de mil sorrisos em esplendor…
Depois, escapou-se-me uma lágrima, e outras mais, de
contemplação,
E encheu-se novamente de cor o meu coração.
Incrível o alento que uma simples Papoila pode dar!
Inolvidável o Momento.
Inevitável o Registo
Imprescindível a Partilha.

Sandra Nóbrega (Fly)
Para ler mais poesias de Fly, visite http://sarrabeca.blog.com/