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Apaixonada pela poesia e pela beleza que há na vida.

sábado, 15 de outubro de 2011

Arqueada

quando você me deu um beijo na boca
senti a mesma coisa louca e doce
que você
a gente se enxergou uma na outra
eu nunca te vi tão bonita assim
de cara lavada
nem tão aflita pra ser tocada
por mim
eu nunca te vi tão suspensa
tão bendita
tão molhada.


Bruna Lombardi
in Gaia

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

outubro

porque você se matou
porque eles te mataram
porque você se atirou
porque eles te atiraram
porque você não entregou
porque eles te entregaram

que nós ficamos sendo
aqueles, os que sobraram.

Bruna Lombardi
in Gaia

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Lua

ele me deitou na rua
em cima do calçamento
e eu sabia que era loucura
que era coisa de momento
pensei até que era a lua
danada no quarto crescente
ou era fúria de maré
crescendo dentro da gente
e eu me sentia suada
e eu me sentia escura
mas não tinha medo de nada
que toda paixão dá coragem
e me deitei na calçada
com orgulho e vadiagem
e quanto mais me sujava
mais me sentia à vontade
mais eu queria e deixava
mais eu pedia e mais dava
e ria, gemia e brincava
de ter tanta liberdade
ele me deitou na rua
numa qualquer de passagem
e eu sabia que era loucura
que era coisa de um momento
de grande camaradagem.

Bruna Lombardi
in Gaia

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Pedras

eu quero
um poema invasivo

assim
como o olhar
que
rompe o vidro

pedra seca
transparente

versátil
simples
despido

direto
temático e leve

a palavra prática
e forte

livre
de
senso
mutante

que quebre imediato
a vidraça
do ranço pastoso em redor

e induza
mudanças
ousadas

àqueles
que gritem
por cidadania melhor

Dário Gadêlha

domingo, 9 de outubro de 2011

Oceanos

defrontar-me comigo
em qualquer mar
que possa
evidenciar meus ermos
em desapego

trazer à tona
o que
por submerso
inda não sei de mim

e enfrentar ali
o próprio semblante
do quanto sou
e que jamais
recordarei se fui

cargas ao mar
do que restar
de quem eu fora enfim


Dário Gadêlha
in Plurais

sábado, 8 de outubro de 2011

William Shakespeare




Há certas horas, em que não precisamos de um Amor...

Não precisamos da paixão desmedida...

Não queremos beijo na boca...

E nem corpos a se encontrar na maciez de uma cama...

Há certas horas, que só queremos a mão no ombro, o abraço apertado ou mesmo o estar ali, quietinho, ao lado...

Sem nada dizer...

Há certas horas, quando sentimos que estamos pra chorar, que desejamos uma presença amiga, a nos ouvir paciente, a brincar com a gente, a nos fazer sorrir...

Alguém que ria de nossas piadas sem graça...

Que ache nossas tristezas as maiores do mundo...

Que nos teça elogios sem fim...

E que apesar de todas essas mentiras úteis, nos seja de uma sinceridade

inquestionável...

Que nos mande calar a boca ou nos evite um gesto impensado...

Alguém que nos possa dizer:

Acho que você está errado, mas estou do seu lado...

Ou alguém que apenas diga:

Sou seu amor! E estou Aqui!





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quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Quando o Amor Vacila

Eu sei que atrás desse universo de aparências das diferenças toda a esperança é preservada. Nas xícaras sujas de ontem o café de cada manhã é servido. Mas existe uma palavra que eu não suporto ouvir e dela não me conformo. Eu acredito em tudo, mas eu quero você agora. Eu te amo pelas tuas faltas, pelo teu corpo marcado, pelas tuas cicatrizes, pelas tuas loucuras todas. Minha vida, eu amo as tuas mãos mesmo que por causa delas, eu não saiba o que fazer das minhas. Amo teu jogo triste. As tuas roupas sujas é aqui em casa que eu lavo. Eu amo a tua alegria mesmo fora de si, eu te amo pela tua essência, até pelo que você podia ter sido, se a maré das circunstâncias não tivesse te banhado nas águas do equívoco. Eu te amo nas horas infernais, e na vida sem tempo.

Quando, sozinha, bordo mais uma toalha de fim de semana. Eu te amo pelas crianças e futuras rugas. Te amo pelas tuas ilusões perdidas e pelos teus sonhos inúteis. Amo o teu sistema de vida e morte. Eu te amo pelo que se repete e que nunca é igual. Eu te amo pelas tuas entradas, saídas e bandeiras. Eu te amo desde os teus pés até o que te escapa. Eu te amo de alma pra alma. E mais que as palavras. Ainda que seja através delas que eu me defendo, quando te digo que te amo mais que o silêncio dos momentos difíceis quando o próprio amor vacila!

(In Maricotinha ao Vivo,2002)



--
Cris Tavares
http://casapoetica.blogspot.com/

Eu Quero Ser Possuída Por Você

Maria Bethânia

Eu quero ser possuída por você,pelo seu corpo,
pela sua proteção, pelo seu sangue.
Me ama!
Eu quero que você me ame e fique eternamente me amando dentro de mim.
Com sua carne e o seu amor.
Eternamente, infinitamente dentro de mim
me envolvendo, me decifrando, me consumindo, me revelando...
Como uma tarde dentro do elevador, no verão, voltando da praia
e você me abraçou e eu te abracei...
E quanto mais eu me entregava, mais nascia o meu desejo,
Mais sobrava só o desejo, e mais eu te queria sem palavras, sem pensamentos...
A vida inteira resumida só no desejo da tua boca dizendo o meu nome,
Da tua mão conduzindo a minha mão,
Do teu corpo revelando o meu corpo,
Como se o mundo fosse pela primeira vez,
Você o meu ponto de referência nessa cidade...



--
Cris Tavares
http://casapoetica.blogspot.com/

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Lua

magicamente você pinta no céu
com as duas pontas pra cima
traz um feitiço, um mistério
uma coisa feminina

e eu molho os olhos na tua luz que cresce
que conhece o vôo e o mergulho
a prisma, a paixão, o caminho das estrelas
o símbolo de angstrom, a constelação de julho
o dom, a rima

eu me molho na tua luz
que alucina e irradia
essa energia selvagem
e esse clima.

sábado, 1 de outubro de 2011

Intervalo Amoroso

O que fazer entre um orgasmo e outro,
quando se abre um intervalo
sem teu corpo?

Onde estou, quando não estou
no teu gozo incluído?
Sou todo exílio?

Que imperfeita forma de ser é essa
quando de ti sou apartado?

Que neutra forma toco
quando não toco teus seios, coxas
e não recolho o sopro da vida de tua boca?

O que fazer entre um poema e outro
olhando a cama, a folha fria?

É como se entre um dia e outro
houvesse o vago-dia, cinza,
vida igual a morte, amortecida.

O poema, avulso gesto de amor,
é vão recobrimento de espaços.
O poema é dúbia forma de enlace,
substitui o pênis
pelo lápis
              - e é lapso.