Quem sou eu

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Apaixonada pela poesia e pela beleza que há na vida.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Vem...

Vem e afaga-me a alma

Despenteia-me a saudade
E acaricia-me o desejo

Passeia o teu corpo no meu
E sente como as minhas chamas
Se acenderam num lampejo

Vem e abraça-me os suspiros
Inunda-me de fantasias
Que hoje serei o teu festejo

Embala o meu no teu sentir
Veste-me de palavras ousadas
Que eu brindarei ao nosso ensejo

Vem e naufraga nas minhas águas
Ancora o teu prazer no meu cais
Sacia-te no meu amor!
E não me esquecerás jamais…


Paula Martins

domingo, 18 de dezembro de 2011

Quando surgirem

Esforça-te, poeta, por retê-las todas,
embora sejam poucas as que se detêm.
As fantasias do teu erotismo.
Põe-nas, semi-ocultas, em meio às tuas frases.
Esforça-te, poeta, por guardá-las todas,
quando surgirem no teu cérebro, de noite,
ou no fulgor do meio-dia se mostrarem.

Kaváfis

Jura

A cada pouco jura começar vida nova.
Mas quando a noite vem com seus conselhos,
seus compromissos, com suas promessas;
mas quando a noite vem com sua força
(o corpo quer e pede), ele de novo sai,
perdido, atrás da mesma alegria fatal.

Kaváfis
Quanto mais fundo entro na desordem
melhor me oriento.

Bruna Lombardi

sábado, 15 de outubro de 2011

Arqueada

quando você me deu um beijo na boca
senti a mesma coisa louca e doce
que você
a gente se enxergou uma na outra
eu nunca te vi tão bonita assim
de cara lavada
nem tão aflita pra ser tocada
por mim
eu nunca te vi tão suspensa
tão bendita
tão molhada.


Bruna Lombardi
in Gaia

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

outubro

porque você se matou
porque eles te mataram
porque você se atirou
porque eles te atiraram
porque você não entregou
porque eles te entregaram

que nós ficamos sendo
aqueles, os que sobraram.

Bruna Lombardi
in Gaia

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Lua

ele me deitou na rua
em cima do calçamento
e eu sabia que era loucura
que era coisa de momento
pensei até que era a lua
danada no quarto crescente
ou era fúria de maré
crescendo dentro da gente
e eu me sentia suada
e eu me sentia escura
mas não tinha medo de nada
que toda paixão dá coragem
e me deitei na calçada
com orgulho e vadiagem
e quanto mais me sujava
mais me sentia à vontade
mais eu queria e deixava
mais eu pedia e mais dava
e ria, gemia e brincava
de ter tanta liberdade
ele me deitou na rua
numa qualquer de passagem
e eu sabia que era loucura
que era coisa de um momento
de grande camaradagem.

Bruna Lombardi
in Gaia

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Pedras

eu quero
um poema invasivo

assim
como o olhar
que
rompe o vidro

pedra seca
transparente

versátil
simples
despido

direto
temático e leve

a palavra prática
e forte

livre
de
senso
mutante

que quebre imediato
a vidraça
do ranço pastoso em redor

e induza
mudanças
ousadas

àqueles
que gritem
por cidadania melhor

Dário Gadêlha

domingo, 9 de outubro de 2011

Oceanos

defrontar-me comigo
em qualquer mar
que possa
evidenciar meus ermos
em desapego

trazer à tona
o que
por submerso
inda não sei de mim

e enfrentar ali
o próprio semblante
do quanto sou
e que jamais
recordarei se fui

cargas ao mar
do que restar
de quem eu fora enfim


Dário Gadêlha
in Plurais

sábado, 8 de outubro de 2011

William Shakespeare




Há certas horas, em que não precisamos de um Amor...

Não precisamos da paixão desmedida...

Não queremos beijo na boca...

E nem corpos a se encontrar na maciez de uma cama...

Há certas horas, que só queremos a mão no ombro, o abraço apertado ou mesmo o estar ali, quietinho, ao lado...

Sem nada dizer...

Há certas horas, quando sentimos que estamos pra chorar, que desejamos uma presença amiga, a nos ouvir paciente, a brincar com a gente, a nos fazer sorrir...

Alguém que ria de nossas piadas sem graça...

Que ache nossas tristezas as maiores do mundo...

Que nos teça elogios sem fim...

E que apesar de todas essas mentiras úteis, nos seja de uma sinceridade

inquestionável...

Que nos mande calar a boca ou nos evite um gesto impensado...

Alguém que nos possa dizer:

Acho que você está errado, mas estou do seu lado...

Ou alguém que apenas diga:

Sou seu amor! E estou Aqui!





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quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Quando o Amor Vacila

Eu sei que atrás desse universo de aparências das diferenças toda a esperança é preservada. Nas xícaras sujas de ontem o café de cada manhã é servido. Mas existe uma palavra que eu não suporto ouvir e dela não me conformo. Eu acredito em tudo, mas eu quero você agora. Eu te amo pelas tuas faltas, pelo teu corpo marcado, pelas tuas cicatrizes, pelas tuas loucuras todas. Minha vida, eu amo as tuas mãos mesmo que por causa delas, eu não saiba o que fazer das minhas. Amo teu jogo triste. As tuas roupas sujas é aqui em casa que eu lavo. Eu amo a tua alegria mesmo fora de si, eu te amo pela tua essência, até pelo que você podia ter sido, se a maré das circunstâncias não tivesse te banhado nas águas do equívoco. Eu te amo nas horas infernais, e na vida sem tempo.

Quando, sozinha, bordo mais uma toalha de fim de semana. Eu te amo pelas crianças e futuras rugas. Te amo pelas tuas ilusões perdidas e pelos teus sonhos inúteis. Amo o teu sistema de vida e morte. Eu te amo pelo que se repete e que nunca é igual. Eu te amo pelas tuas entradas, saídas e bandeiras. Eu te amo desde os teus pés até o que te escapa. Eu te amo de alma pra alma. E mais que as palavras. Ainda que seja através delas que eu me defendo, quando te digo que te amo mais que o silêncio dos momentos difíceis quando o próprio amor vacila!

(In Maricotinha ao Vivo,2002)



--
Cris Tavares
http://casapoetica.blogspot.com/

Eu Quero Ser Possuída Por Você

Maria Bethânia

Eu quero ser possuída por você,pelo seu corpo,
pela sua proteção, pelo seu sangue.
Me ama!
Eu quero que você me ame e fique eternamente me amando dentro de mim.
Com sua carne e o seu amor.
Eternamente, infinitamente dentro de mim
me envolvendo, me decifrando, me consumindo, me revelando...
Como uma tarde dentro do elevador, no verão, voltando da praia
e você me abraçou e eu te abracei...
E quanto mais eu me entregava, mais nascia o meu desejo,
Mais sobrava só o desejo, e mais eu te queria sem palavras, sem pensamentos...
A vida inteira resumida só no desejo da tua boca dizendo o meu nome,
Da tua mão conduzindo a minha mão,
Do teu corpo revelando o meu corpo,
Como se o mundo fosse pela primeira vez,
Você o meu ponto de referência nessa cidade...



--
Cris Tavares
http://casapoetica.blogspot.com/

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Lua

magicamente você pinta no céu
com as duas pontas pra cima
traz um feitiço, um mistério
uma coisa feminina

e eu molho os olhos na tua luz que cresce
que conhece o vôo e o mergulho
a prisma, a paixão, o caminho das estrelas
o símbolo de angstrom, a constelação de julho
o dom, a rima

eu me molho na tua luz
que alucina e irradia
essa energia selvagem
e esse clima.

sábado, 1 de outubro de 2011

Intervalo Amoroso

O que fazer entre um orgasmo e outro,
quando se abre um intervalo
sem teu corpo?

Onde estou, quando não estou
no teu gozo incluído?
Sou todo exílio?

Que imperfeita forma de ser é essa
quando de ti sou apartado?

Que neutra forma toco
quando não toco teus seios, coxas
e não recolho o sopro da vida de tua boca?

O que fazer entre um poema e outro
olhando a cama, a folha fria?

É como se entre um dia e outro
houvesse o vago-dia, cinza,
vida igual a morte, amortecida.

O poema, avulso gesto de amor,
é vão recobrimento de espaços.
O poema é dúbia forma de enlace,
substitui o pênis
pelo lápis
              - e é lapso.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Raio de luz

Você chegou, e iluminou o meu olhar,

Teus olhos nus raios de luz no azul do mar
Meu coração, que sempre quis acreditar,
Bateu feliz, foi só você chegar
Sei que a paixão, apaga o chão, rareia o ar ser e não ser,
Negar querer, fugir ficar
Mas não fui eu quem quis assim, aconteceu você pra mim
E eu não vou negar o que
O acaso quis pra nós
A chama desse amor me faz sorrir cantar, te quero mais
Te chamo só pra repetir, te amo....
Mas não fui eu quem quis assim, aconteceu você pra mim
E eu não vou negar o que
O acaso quis pra nós
A chama desse amor me faz sorrir cantar, te quero mais
Te chamo só pra repetir, te amo.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Me perdi no momento incerto,

não sei qual o momento certo,
olhei ao lado e nada perto,
folhas, ramos tudo quieto,

o silêncio imperava,
o Sol esbravejava,
a alma conversava,
e eu não mais ali estava.


Olho para mim e não me conheço,
corro, olho-me antes que me esqueço,
olho o passado e desapareço,
valor alto, paga-se um alto preço.


Continuo o caminho, estou firme a navegar,
a vida é um oceano de mistérios, sem medo vou enfrentar,
em um momento a sorrir, em outro a chorar,
uma coisa é certa, meu barco zarpou para não mais voltar.

Adilson Costa

domingo, 18 de setembro de 2011

Valsa das Borboletas

Em sincronia,
sem intenções
elas dançam,
e vivem
- suas emoções.
Borboletas,
amarelas,
brancas,
vermelhas,
uma aquarela,
todas belas,
beleza natural.
Elas dançam,
sentem o som,
som do vento,
e as folhas
contagiadas,
pela dança
são arrastadas
e com elas
vão dançar.
Borboletas surgem,
convidadas
ou não,
e na valsa
no baile,
a dançar,
e com o vento
a vida
brindar.

Em sincronia,
sem intenções
elas dançam,
e vivem
- suas emoções.
Borboletas,
livres
libertas
do casulo,
nova vida,
assim dançam,
rodopiam,
em sincronia,
com alegria
em união.
Mais e mais,
surgem centenas,
milhares,
e dançam,
sorriem,
sem maldade
celebram
a liberdade.

Em sincronia,
sem intenções
elas dançam,
e vivem
- suas emoções.
Borboletas,
libertadas
da clausura,
da feiúra
perfeita.
E o belo
surgiu,
borboletas
elas sabem,
que o tempo
passa,
e as ultrapassa
sem pena.
Borboletas
vivem,
respiram,
celebram
a vida,
vida curta.

Em sincronia,
sem intenções
elas dançam,
e vivem
- suas emoções.
Borboleta
quero ser,
borboletas
sabem viver.


Adilson Costa

sábado, 17 de setembro de 2011

DO ALTO DOS QUARENTA E QUATRO



Do alto dos quarenta e quatro

miro meu retrato de anos atrás.

Tenho ar preocupado, um riso forçado...

num branco sem paz.



Do alto dos quarenta e quatro

tiro meus sapatos, ando pelo cais.

Mais lúcido que alucinado,

aprendi um ditado: “Prendam Barrabás!”

Vivo entre verso e prosa, ataque e defesa.

Vivo muito mais.

Contágio

Feroz em nós uma paixão de novo
nos ameaça
nos faz vibrar, o sangue flui
sobe no rosto
de repente a gente fica
disposto a tudo
e tudo é pouco
não importa que essa loucura
não tenha alívio
a gente muda, respira de outro jeito
arfa no peito sempre uma pressa
sempre aquela vontade
sozinha fico metade
depressa me abraça, uma saudade
que dói, uma coisa que arrebenta
e não se aguenta mais.
A gente se entrega ao risco
arrisca a pele, perde o rumo
no prazer dessa desorientação.
A gente quer explodir e não pode
quer se conter e não sabe
quer se livrar do jogo da paixão
mas não quer que ela acabe.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Quem ama inventa

Quem ama inventa as coisas a que ama...
Talvez chegaste quando eu te sonhava.
Então de súbito acendeu-se a chama!
Era a brasa dormida que acordava...
E era um revôo sobre a ruinaria,
NO ar atônito bimbalhavam sinos,
Tangidos por uns anjos peregrinos
Cujo dom é fazer ressureições...
Um ritmo divino? Oh! Simplesmente
O palpitar de nossos corações
Batendo juntos e festivamente,
Ou sozinhos, num ritmo tristonho...
Ó! meu pobre, meu grande amor distante,
Nem sabes tu o bem que faz à gente
Haver sonhado... e ter vivido o sonho!

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Escolha

Eu te amo como um colibri resistente
incansável beija-flor que sou
batedora renitente de asas
viciada no mel que me dás depois que atravesso o deserto.
Pingas na minha boca umas gotas poucas
do que nem é uma vacina.
Eu uma mulher, uma ave, uma menina…
Assim chacinas o meu tempo de eremita:
quebras a bengala onde me apoiei, rasgas minhas meias
as que vestiram meus pés
quando caminhei as areias.

Eu te amo como quem esquece tudo
diante de um beijo:
as inúmeras horas desbeijadas
os terríveis desabraços
os dolorosos desencaixes
que meu corpo sofreu longe do seu.
Elejo sempre o encontro
Ele é o ponto do crochê.
Penélope invertida
nada começo de novo
nada desmancho
nada volto

Teço um novo tecido de amor eterno
a cada olhar seu de afeto
não ligo para nada que doeu.
Só para o que deixou de doer tenho olhos.
Cega do infortúnio
pesco os peixes dos nossos encaixes
pesco as gozadas
as confissões de amor
as palavras fundas de prazer
as esculturas astecas que nos fixam
na história dos dias

Eu te amo.
De todos os nossos montes
fico com as encostas
De todas as nossas indagações
fico com as respostas
De todas as nossas destilairias
fico com as alegrias
De todos os nossos natais
fico com as bonecas
De todos os nossos cardumes
as moquecas.

domingo, 11 de setembro de 2011

Da chegada do amor

Sempre quis um amor
que falasse, que soubesse o que sentisse.
Sempre quis um amor que elaborasse
Que quando dormisse ressonasse confiança
no sopro do sono e trouxesse beijo
no clarão da "amanhecice".
Sempre quis um amor que coubesse no que me disse.
Sempre quis uma meninice
entre menino e senhor uma cachorrice
onde tanto pudesse a sem-vergonhice
do macho quanto a sabedoria do sabedor.
Sempre quis um amor cujo "Bom-dia!"
morasse na eternidade de encadear os tempos:
passado presente futuro coisa da mesma
embocadura
sabor da mesma golada.
Sempre quis um amor de goleadas
cuja rede complexa do pano de fundo dos seres
não assustasse.
Sempre quis um amor que não se incomodasse
quando a poesia da cama me levasse.
Sempre quis um amor que não se chateasse
diante das diferenças.
Agora, diante da encomenda metade de mim
rasga afoita
o embrulho e a outra metade é o
futuro de saber o segredo que enrola o laço, é
observar o desenho
do invólucro e compará-lo com a calma da alma o
seu conteúdo.
Contudo sempre quis um amor
que me coubesse futuro e me alternasse em
menina e adulto
que ora fosse o fácil, o sério e ora um doce
mistério
que ora eu fosse medo-asneira e ora eu fosse
brincadeira
ultrassonografia do furor, sempre quis um amor
que sem tensa-corrida ocorresse.
Sempre quis um amor que acontecesse
sem esforço, sem medo da inspiração por ele acabar.
Sempre quis um amor de abafar, (não o caso)
mas cuja demora de ocaso
estivesse imensamente nas nossas mãos.
Sem senãos.
Sempre quis um amor com definição de quero
sem o lero-lero da falsa sedução.
Eu sempre disse não à constituição dos séculos
que diz que o "garantido" amor é a sua negação.
Sempre quis um amor que gozasse
e que pouco antes de chegar a esse céu
se anunciasse.
Sempre quis um amor que vivesse a felicidade
sem reclamar dela ou disso.
Sempre quis um amor não omisso
e que sua estória me contasse.
Ah, eu sempre quis um amor que amasse.

Elisa Lucinda

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Ela reina


A noite estava mais doce que a sombra de uma flor.
Eu entrava na sombra assim como se entra em um perfeito santuário. (?)
A voz, recompensando minha doce espera,
Me sussurra: "Veja só o palácio da dor".

Meus olhos cansados se encantavam do violeta, cor
Única, uma vez que o preto dominava. Imóvel
A dor se demorava sentada, bem tranqüila.
Eu admirava a unidade de sua grande palidez.

Meu coração se enchia d'uma maldade funesta,
E eu ia embora, quando ela me disse: permanece,
Imediatamente eu escutei um suspiro prolongado.

Na sala do trono, um pálido luar
Invadia a noite, como uma corrente de pedras (?)
E a Dor reinava, implacável e suprema.

Renée Vivien

terça-feira, 31 de maio de 2011

Rosas da Noite

Rosas da noite


Rosas sobre o mar, rosas ao anoitecer
E tu que vens de longe, as mãos pesadas de rosas!
Eu aspiro tua beleza. O declínio faz chover
Suas finas cinzas douradas e suas poeiras rosadas...

Rosas sobre o mar, rosas ao anoitecer

Um sonho remanescente segura minhas pálpebras fechadas
Eu espero, sem saber direito o que espero em vão
Em frente ao mar parecido com escudos de bronze
E tu que aqui vieste me trazendo rosas...

Oh, rosas no céu e no anoitecer! Oh, minhas rosas!

Renée Vivien

domingo, 29 de maio de 2011

Lassitude

LASSITUDE

Nesta noite dormirei um grande e doce sono.
Fecha pesadas cortinas, mantém portas cerradas,
Não permita, sobretudo, que o sol entre.
Coloca à minha volta a noite embebida em rosas.

Põe, na brancura de um travesseiro profundo,
essas flores mortuárias de perfume obsedante.
Põe nas minhas mãos, no meu coração, na minha fronte,
essas flores pálidas, que são como um círio tépido.
E eu direi bem baixo: “De mim não restou nada.
Minh’alma enfim repousa. Tem piedade dela!
Respeita seu repouso durante a eternidade.”
Dormirei nesta noite a morte mais bela.

Que se desfolhem as flores, lírios e tuberosas,
E que se cale, enfim, no limiar das portas cerradas,
o eco persistente dos soluços de épocas passadas...
Ah! A noite infinita! A noite embebida em rosas!

Renée Vivien