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quarta-feira, 29 de julho de 2009

Gabriel Garcia Márquez

Até agora postei apenas poesias, mas trechos de livros de tão belos bem poderiam ser poesias.
No livro 'Memórias de minhas putas tristes', último do escritor Gabriel Garcia Márquez, tem um destes trechos poéticos e desde que o li, não posso tirar da memória.

"Descobri que minha obsessão por cada coisa em seu lugar, cada assunto em seu tempo, cada palavra em seu estilo, não era o prêmio merecido de uma mente em ordem, mas, pelo contrário, todo um sistema de simulação inventado por mim para ocultar a desordem da minha natureza. Descobri que não sou disciplinado por virtude, e sim como reação contra a minha negligência; que pareço generoso para encobrir minha mesquinhez, que me faço passar por prudente quando na verdade sou desconfiado e sempre penso o pior, que sou conciliador para não sucumbir às minhas cóleras reprimidas, que só sou pontual para que ninguém saiba como pouco me importa o tempo alheio. Descobri, enfim, que o amor não é um estado da alma e sim um signo do zodíaco.
...
Me pergunto como pude sucumbir nesta vertigem perpétua que eu mesmo provocava e temia. Flutuava entre nuvens erráticas e falava sozinho diante do espelho com a vã ilusão de averiguar quem sou. Era tal meu desvario, que em uma manifestação estudantil com pedras e garrafas tive que buscar forças na fraqueza para não me colocar na frente de todos com um letreiro que consagrasse minha verdade: Estou louco de amor."
Quando Márquez escreveu estas memórias passava dos noventa e se descobriu nascido sob o signo do amor. Descobriu mais. Descobriu que não importa a idade para estar louco de amor.

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