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domingo, 11 de setembro de 2011

Da chegada do amor

Sempre quis um amor
que falasse, que soubesse o que sentisse.
Sempre quis um amor que elaborasse
Que quando dormisse ressonasse confiança
no sopro do sono e trouxesse beijo
no clarão da "amanhecice".
Sempre quis um amor que coubesse no que me disse.
Sempre quis uma meninice
entre menino e senhor uma cachorrice
onde tanto pudesse a sem-vergonhice
do macho quanto a sabedoria do sabedor.
Sempre quis um amor cujo "Bom-dia!"
morasse na eternidade de encadear os tempos:
passado presente futuro coisa da mesma
embocadura
sabor da mesma golada.
Sempre quis um amor de goleadas
cuja rede complexa do pano de fundo dos seres
não assustasse.
Sempre quis um amor que não se incomodasse
quando a poesia da cama me levasse.
Sempre quis um amor que não se chateasse
diante das diferenças.
Agora, diante da encomenda metade de mim
rasga afoita
o embrulho e a outra metade é o
futuro de saber o segredo que enrola o laço, é
observar o desenho
do invólucro e compará-lo com a calma da alma o
seu conteúdo.
Contudo sempre quis um amor
que me coubesse futuro e me alternasse em
menina e adulto
que ora fosse o fácil, o sério e ora um doce
mistério
que ora eu fosse medo-asneira e ora eu fosse
brincadeira
ultrassonografia do furor, sempre quis um amor
que sem tensa-corrida ocorresse.
Sempre quis um amor que acontecesse
sem esforço, sem medo da inspiração por ele acabar.
Sempre quis um amor de abafar, (não o caso)
mas cuja demora de ocaso
estivesse imensamente nas nossas mãos.
Sem senãos.
Sempre quis um amor com definição de quero
sem o lero-lero da falsa sedução.
Eu sempre disse não à constituição dos séculos
que diz que o "garantido" amor é a sua negação.
Sempre quis um amor que gozasse
e que pouco antes de chegar a esse céu
se anunciasse.
Sempre quis um amor que vivesse a felicidade
sem reclamar dela ou disso.
Sempre quis um amor não omisso
e que sua estória me contasse.
Ah, eu sempre quis um amor que amasse.

Elisa Lucinda

Um comentário:

Déia Barros disse...

BB, Elisa é formidável né! Coloca em nossos olhos, tet a tet, o que a vida tenta arduamente mostrar diariamente. Gostei muito. Bjks