O que mais me aproveita
em nosso tão freqüente
comércio é a tua
pedagogia de avessos.
Fazem-se em nós desfeitos
as virtudes que ensinas:
o brilho de superfície
a aprofundidade mentirosa
o existir apenas
no reflexo alheio.
No entanto, sem ti
sequer saberíamos
o outro de um outro
outro por sua vez
de algum outro, em infinito
corredor de espelhos.
Isso até o último
vazio de toda imagem
espelho de um si mesmo
anterior, posterior
a tudo, isto é, a nada.
José Paulo Paes (1926-1998), poeta, escritor, crítico e ensaísta brasileiro.
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