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Apaixonada pela poesia e pela beleza que há na vida.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Tocaia

Que o amor nos possuísse
no meio de um descampado
num jogo que não tem regra
nem pecado.

Numa tortura lenta
com ritual absoluto
que o amor nos possuísse
doce e bruto.

Que houvesse fuga e corrida
e grito agudo na boca.
Que a dança fosse selvagem
e louca.

Com maldade instintiva
guerra de unha e dente
todo impulso desmedido
corpo quente.

Depois na hora do cerco
firmes os cinco sentidos
vem o animal e se envolve
atraído.

Pra que dure mais o jogo
ora foge ou se entrega
se joga se abre provoca
depois nega.

Cúmplice do adversário
de manso se defendendo
vai pouco a pouco à cilada
cedendo.

Corpo todo se espalhando
no meio do descampado
na luta quem não domina
é dominado.

E aí segura a corrente
manseia cavalo bravo
na luta quem não é senhor
é escravo.

Chegada a hora da posse
o momento mais violento
novilha presa arqueia
sem movimento.

No meio do seu combate
foi afinal possuída
e geme pra essa morte
melhor que a vida.

Se enrosca sentindo o gosto
de ter sido capturada
sabendo que foi vencedora
e derrotada.

E depois de tudo resta
um cansaço ainda melhor
sorriso dentro do corpo
fora o suor.

Que o amor nos possuísse
com sensação de perigo
no meio do descampado
como a dois inimigos.

Bruna Lombardi
in No Ritmo Dessa Festa



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